Segundo o Memorial Histórico, João Rebelo de Andrade adquiriu a Quinta do Egipto, a 4 de setembro de 1702, onde já existia um pequeno solar com capela adjacente dedicada a S. José.
Optou-se por ampliar o edifício, integrando a ermida sem a alterar, consagrando-a a Nossa Senhora do Egipto. Sem que nada esteja provado, terminadas as obras, o palácio dataria de c.1705, o que o tornaria implicitamente o espaço de maior prestígio da Vila de Oeiras até à construção do Palácio Pombal, e um ótimo exemplo de arquitetura rural no tempo de D. João V.
O peso social e a influência económica e cultural dos proprietários foram decisivos para o desenvolvimento e afirmação do conjunto patrimonial. Sabe-se que o edifício chegou a constituir-se como sede temporária do poder político e administrativo do país. A situação verificou-se no verão de 1775, quando o rei D. José I esteve alojado no Palácio Pombal, com o objetivo de se situar mais próximo dos banhos do Estoril, cuja utilização os médicos haveriam recomendado. Como tal, o então Primeiro-Ministro, Sebastião José de Carvalho e Mello, ao ceder a sua propriedade à Família Real, optou por se hospedar no Palácio do Egipto. Tal situação voltou a verificar-se em 1776, ano em que a Vila de Oeiras acolheu a Feira Industrial, contando uma vez mais com a presença do cognominado “o Reformador”.
Esta Casa foi, também, um dos polos mais importantes de irradiação cultural, contando com o apoio indispensável do capelão da ermida de Nossa Senhora do Egipto - Padre Pedro Elias, que se disponibilizava para dar instrução aos mais jovens, no último quartel do séc. XVIII.
A ermida da Quinta de Nossa Senhora do Egipto deteve, de igual modo, um papel fundamental e de enorme impacto na vida da população local, pelo menos durante o período em que a Igreja Matriz de Oeiras foi alvo de recuperação, em virtude do Terramoto de 1755, provocando-lhe elevados danos estruturais. Como tal, a ermida foi generosamente colocada ao dispor da população, tendo sido transferidas para o local e restantes dependências do palácio, as mais veneradas e importantes imagens.
Agora, enquanto Centro Cultural Palácio do Egipto (desde 2009), e por força do Município de Oeiras, mantem-se um elemento identitário inabalável para a população de Oeiras, onde sua missão de proximidade e dinamização cultural em nada se alterou.
Texto: Diogo Lopes