A definição de Património Cultural Imaterial consta da convenção para a salvaguarda do Património Cultural imaterial da Unesco (2003): “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e aptidões – bem como os instrumentos, objetos, artefactos e espaços culturais que lhes estão associados – que as comunidades, os grupos e, sendo o caso, os indivíduos reconheçam como fazendo parte integrante do seu património cultural. Esse património cultural imaterial, transmitido de geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função do seu meio, da sua interação com a natureza e da sua história, incutindo-lhes um IN PATRIMÓNIO sentimento de identidade e de continuidade, contribuindo, desse modo, para a promoção do respeito pela diversidade cultural e pela criatividade humana” (Artigo 2º).
Envolvido que está na preparação de uma candidatura a Capital Europeia da Cultura em 2027, Oeiras tem feito um esforço no sentido de acompanhar, apoiar e estudar os fenómenos ligados ao património imaterial. Não é por acaso que a candidatura tem um eixo ligado às heranças culturais onde o património imaterial é central no desenvolvimento da proposta a apresentar.
A sua capacidade para solidificar identidades e preservar memórias é hoje reconhecida por todos como um importante cimento cultural, mas também social e económico. Oeiras, apesar da sua atual dimensão urbana, é um concelho construído e assente em comunidades migrantes e emigrantes. Esta riqueza faz do território um espaço diverso e com diferentes identidades.
O Município de Oeiras tem vindo a lançar algumas iniciativas que visam a valorização deste tipo de património. Ainda recentemente foi homenageado Mestre Gilberto Grácio, com o lançamento da sua fotobiografia “Gilberto Marques Grácio Tempo duma Vida”. A forma como se empenhou na transmissão do seu saber e soube colaborar num projeto social, deixou uma marca indelével em todos os que tocou.
O Município integra a Rede Intermunicipal que suportará a candidatura do canto de mulheres de matriz rural, a 3 ou mais vozes, na Lista Nacional do Património Cultural Imaterial. Um projeto que em Oeiras tem expressão através do trabalho do grupo Cramol e Cantadeiras da Beira. Se as Cantadeiras são uma criação recente, no caso do Cramol, o trabalho de preservação deste canto conta com 40 anos de atividade e com raízes profundas na vida cultural de Oeiras.
A todo isto ainda poderíamos juntar o programa de recuperação do património religioso que o Município tem desenvolvido com as diferentes paróquias que inclui o estudo e a reintegração de outros elementos importantes.
Como paradigma destes elementos temos o antigo altar-mor da Igreja Matriz de Oeiras, as muitas camadas cromáticas da igreja de São João Baptista de Linda-a-Pastora, a recuperação do órgão da igreja de Paço de Arcos, os sinos de São Romão de Carnaxide, para culminar na recente integração municipal do Mosteiro da Cartuxa de Laveiras.
Está patente até ao dia 30 de abril, uma exposição sobre a Corrida do Tejo e o desporto em Oeiras. Mais do que uma simples dimensão memorialista pretende-se, nesta exposição, relevar o contributo do desporto para valores contemporâneos como o de liberdade ou cultura. Por outro lado, o levantamento sistemático e a constituição de um inventário de património cultural imaterial de Oeiras são a base de um dos projetos em construção no âmbito das novas dinâmicas associadas à candidatura de Oeiras a Capital Europeia da Cultura.
Por tudo isto afirmamos que o Património Cultural Imaterial é hoje determinante para conhecer Oeiras, o seu território e as suas gentes.