Aves

Seguimento remoto de aves

Atualmente é conhecida a presença de cerca de duas centenas de aves em Oeiras. Das 178 espécies nativas, 39 (22%) possuem estatuto de ameaça (classificadas como Vulnerável, Em Perigo ou Criticamente em Perigo). Destaca-se a existência de espécies imponentes como o bufo-real (Bubo bubo), garça-real (Ardea cinerea) ou o açor (Accipter gentilis), e emblemáticas como o guarda-rios (Alcedo atthis) ou a poupa (Upupa epops).

A par dos inventários realizados pelo Município em zonas específicas e das contribuições valiosas da ciência cidadã, têm sido realizadas regularmente sessões de anilhagem científica e o seguimento remoto de aves.

 

Monitorização de Aves

A monitorização da avifauna tem como principal objetivo recolher dados sobre a diversidade, abundância, distribuição, comportamento e saúde das populações de aves do território. Estas informações são fundamentais para compreender a dinâmica das comunidades de aves, identificar tendências populacionais e detetar potenciais ameaças às espécies.

O recurso à tecnologia, como câmaras de fotoarmadilhagem, gravação de vocalizações e seguimento através de GPS, permite recolher dados de forma mais eficiente e detalhada.
 

Porque é que as aves são marcadas?

A colocação de transmissores GPS permite o seguimento das aves ao longo das suas vidas, fornecendo importantes dados relativamente aos seus hábitos, uso de habitat e reação a perturbações.

Algumas aves migram entre os locais de invernada e os locais de reprodução. A marcação com emissores GPS possibilita o seguimento das suas rotas migratórias e perceber como os padrões de migração podem sofrer alterações devido ás alterações climáticas e perturbações humanas.


Como é que as aves são marcadas?

As aves são capturadas por especialistas ou são aves que foram acolhidas num centro de recuperação de vida selvagem e estão prontas para ser libertadas. Após a captura, a condição física da ave é avaliada e são recolhidos dados biométricos – peso, comprimento da asa, condição muscular – e, se a ave for saudável, é colocado um transmissor. Este consiste numa pequena mochila que a ave transporta no dorso. De modo a priorizar o conforto da ave, o transmissor e a pequena mochila não ultrapassam 5% do peso da mesma.
 

Como funcionam os transmissores?

Os transmissores GPS estão equipados com uma bateria ou um pequeno painel solar que a carrega. Os transmissores emitem as coordenadas da ave em intervalos de tempo exato e enviam esses dados para os nossos computadores, permitindo o seguimento dos seus movimentos.
 

Que aves estão marcadas?

Atualmente estão marcadas 3 aves:

O Martinho é um macho de peneiro-comum (Falco tinnunculus) e o João Pedro (JP) é um macho de coruja-das-torres (Tyto alba), ambos encontram exatamente aquilo que precisam (abrigo e alimento) na Quinta de Recreio do Marquês de Pombal, pelo que pouco se afastam deste local.

A Olívia é uma gaivota-d’asa-escura (Larus fuscus) que foi capturada numa praia da linha com sinais de intoxicação e, após uma estadia no CRASLx (Centro de Recuperação de Animais Silvestres de Lisboa), foi libertada na praia de Santo Amaro de Oeiras. Iniciou a sua migração em março de 2023 até à Escócia.


 

Caixas-ninho

A colocação de caixas-ninho tem como objetivo promover a fixação de casais reprodutores de aves e apoiar a sua reprodução. Por norma, as aves de rapina e alguns passeriformes, como é o caso dos chapins, fazem ninho em cavidades de árvores ocas, árvores de grande porte ou reentrâncias em rochas. Uma vez que tais locais são pouco comuns em meio urbano, as caixas-ninho oferecem uma alternativa segura para a reprodução.

Live cams - transmissão ao vivo de imagens de caixas-ninho


Isenção de responsabilidade

As imagens transmitidas em direto são uma janela não editada para o mundo natural. Podem ocorrer instantes mais perturbadores para audiências sensíveis. Estas são aves silvestres a exibirem os seus comportamentos naturais sem interferências.
 

Que espécies estamos a ver?

As caixas-ninho foram instaladas tendo em vista três espécies-alvo e obedecendo aos requisitos específicos de cada uma: o mocho-galego (Athene noctua), a coruja-das-torres (Tyto alba) e o peneireiro-comum (Falco tinnunculus). No entanto, é possível que outras espécies possam ser observadas ou utilizem os ninhos.
 

Porque monitorizamos as caixas-ninho com câmaras?

A possibilidade de observar aves silvestres com o mínimo de interferência permite recolher informação sobre a sua ecologia, hábitos alimentares e comportamento. É ainda uma oportunidade única para dar a conhecer a fauna local sob uma perspetiva diferente.
 

O que são as anilhas nas patas das aves?

Em algumas aves adultas e suas crias poderemos observar anilhas metálicas nas patas. Estas anilhas foram colocadas no âmbito de ações específicas de anilhagem científica, desenvolvidas por técnicos credenciados para o efeito. O processo de anilhagem é indolor e as anilhas não causam qualquer desconforto à ave. A anilhagem permite a identificação individual: em cada anilha encontra-se gravado um código, que funciona como uma espécie de cartão de cidadão para cada ave. Através da leitura da anilha ao longo da vida da ave é possível perceber os seus movimentos, hábitos, uso de habitats e longevidade.
 

Porque não há atividade nas câmaras?

As aves ocupam o ninho com regularidade na época de reprodução, normalmente na primavera e verão. É possível que estejam ausentes da caixa-ninho noutras alturas, ou que tenham preferido nidificar em locais mais naturais.
 

O chapim e a lagarta

A lagarta ou processionária-do-pinheiro (Thaumetopoea pityocampa) é uma espécie de inseto lepidóptero (borboleta) que parasita principalmente pinheiros e cedros.

O seu desenvolvimento inicia-se no ovo, segue-se a construção dos ninhos de seda nas agulhas dos pinheiros durante a fase de lagarta, depois a pupa (que pode durar até três anos) e por fim, emerge a borboleta adulta, exclusivamente noturna, que não vive mais do que quatro dias.

Depois de estarem completamente desenvolvidas, de meados de fevereiro até maio, as lagartas abandonam o ninho e deslocam-se em fila fazendo lembrar uma procissão, o que explica o seu nome comum.

A processionária-do-pinheiro pode representar um problema de saúde pública, especialmente durante o inverno e primavera, uma vez que nesta altura a lagarta desenvolve pelos urticantes que causam alergias na pele, olhos e aparelho respiratório.

Tanto a lagarta como a borboleta são naturalmente controladas por predadores como escaravelhos, morcegos e aves, nomeadamente chapins.


Por se tratarem de aves que nidificam em cavidades naturais nas árvores e dada a raridade de condições ideais de nidificação e competição com espécies exóticas, a colocação de caixas-ninho torna-se uma ajuda preciosa para manter e incrementar as populações urbanas. Assim, para além do controlo químico, o município tem vindo a apostar cada vez mais no controlo biológico, através do reforço de caixas-ninho e da sua monitorização.

Atualmente existe perto de uma centena de caixas-ninho para chapins distribuídas por Oeiras.
Durante as monitorizações realizadas em 2020, 2021 e 2022, verificou-se que 44% dos ninhos se encontravam ocupados, na sua grande maioria por chapim-azul! Os resultados são animadores e indicam o sucesso deste projeto, que além de promover o controlo biológico da processionária-do-pinheiro, permite aumentar a biodiversidade em meio urbano.

https://www.oeiras.pt/documents/20124/156901/caixa_ninho.png/342de6d7-7288-0b85-47ac-d238a7ae37de?t=1614775199482